Peregrinação
Fernão Mendes Pinto peregrinou por paragens longínquas e passou o que então se dizia (e sofria) “tratos de polé”. Hoje as peregrinações são mais comezinhas, ficam-se pela caminhada ao santuário da predilecção do peregrino, lugares de devoção cuja existência é tão antiga quanto a consciência do homem, tanto que sabemos deles pelas pedras que venceram o tempo, sem que outros registos nos tenham chegado.
Ir saber do oráculo para as angústias da existência é necessidade de sempre, o pior são as caminhadas, tantas vezes prometidas em momentos de aflição, como se os castigos do corpo fossem moeda de troca em favor de santo.
Antes de ir tratar do espírito em assuntos celestiais falta faz aliviar as dores terrenas, cuidando dos pés maltratados, que nem em tempo de peregrinação podemos deixar de ter assentes na terra.
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