Fiz esta foto há pouco mais de dois meses, numa tarde calma, já se anunciavam os desvarios guerreiros, mas ainda pareciam longe e possíveis de conter. Hoje olhamos para uma esperança ténue pisada por botas e difusa na poeira que os seus batimentos vão levantando. O equilíbrio que devia pautar o respeito pela dignidade humana está prestes a romper-se, a queda parece inevitável.
O exercício de regressar a terra, após um dia de faina, em posição instável, só é possível pela serenidade das águas e a confiança que o pescador tem na sua quietude. Agitem-se as águas, percam-se as referências e o equilíbrio desaparecerá, será uma questão de tempo para se sucederem as quedas, tudo e todos serão arrastados nesta insanidade aventureira de compromissos, de interesses, de arrogantes e mesquinhas ambições de poder.
Não há justificação para debelar um mal desencadeando outro maior.
Denuncie-se o cinismo da situação.
Quem quer arrogar-se o direito a conquistas imperiais que o assuma e as suas consequências. Tem sido assim desde Gengis Kan a Hitler ou de Alexandre Magno a Napoleão, mudam as circunstâncias históricas mas mantém-se a baixeza da barbárie.
E aqueles que se aprestam à vassalagem ao império tenham no mínimo a coragem de admitir a sua babugem pelas migalhas no repartir do saque, de acordo com a sua insignificância e pequenez.
Ao cidadão só lhe resta fazer ouvir a sua voz e deixar claro que amanhã serão pedidas contas aqueles que arvorando-se em valentes outra coisa não fazem que abusar cobarde e ilicitamente de uma força que dominam transitória e circunstancialmente.
Quem pugna pela dignidade humana será no futuro tão implacável na exigência de responsabilidades como agora pretendem ser os defensores da brutalidade impiedosa ao serviço de fins inconfessáveis.
O equilíbrio está por um fio mas ainda vale a pena exigir que se mantenha.